Nelson Pelozo
Fascite Plantar
A fascite plantar, termo amplamente utilizado para designar patologias envolvendo a região do calcanhar, é muito frequente e, na maioria das vezes, causa um quadro álgico limitante ao paciente. A sensibilidade aumentada ocorre devido à maior concentração de nociceptores (receptores de dor) no local.
A principal causa é a inflamação repetitiva da fáscia plantar sem cicatrização adequada. Essa inflamação decorre da tração aumentada sobre a fáscia, geralmente ocasionada por desequilíbrios nas forças musculares da região.
Pode haver calcificação na fáscia ou adjacente ao tendão do músculo flexor curto dos dedos, formando o que é popularmente conhecido como esporão do calcâneo — que, habitualmente, não é a causa da dor.
O tratamento inicial é sempre conservador, incluindo medidas analgésicas, fisioterapia, palmilhas e órteses. No entanto, em casos de má evolução, pode haver compressão de ramos de nervos periféricos locais. Nesses casos, há uma gama de tratamentos possíveis antes de se considerar uma abordagem cirúrgica, como infiltrações, neuromodulação e terapia por ondas de choque.
O artigo descrito aborda uma opção de tratamento para a dor plantar crônica em que há compressão de nervos periféricos adjacentes à fáscia plantar.
Os autores utilizaram a técnica de radiofrequência neural ablativa nos ramos do nervo plantar lateral e do ramo do nervo calcâneo, ambos originários do nervo tibial, que pode estar acometido em casos de fascite plantar crônica resistente ao tratamento conservador. A radiofrequência é uma técnica minimamente invasiva na qual um eletrodo, conectado a um gerador, emite um campo eletromagnético na zona sensível da lesão — geralmente na terminação nervosa. Dependendo da temperatura utilizada, esse campo pode promover ablação da área acometida do nervo, além de estimular a migração de fatores biológicos anti-inflamatórios locais.
O autor relata bons resultados e resolução dos sintomas na maioria dos pacientes, com poucas complicações relacionadas ao método.