A lesão ligamentar do tornozelo é um evento muito frequente, acometendo todos os tipos de pacientes — sejam atletas ou sedentários. Ainda que amplamente estudada, o tratamento tanto da lesão aguda quanto da crônica não apresenta consensos universais, dependendo, em grande parte, da conduta técnica do cirurgião.
Basicamente, lesões agudas sem envolvimento da sindesmose podem ser tratadas de forma conservadora, com imobilizações, fisioterapia e, eventualmente, infiltrações. A cirurgia é indicada para casos crônicos em que há instabilidade mecânica e perda do controle mecanossensorial.
Na instabilidade ligamentar crônica, podem ocorrer lesões associadas, como comprometimento dos tendões fibulares, da cartilagem e, em casos mais graves, processos degenerativos da articulação que podem evoluir para artrose. É importante destacar que o exame físico, com a realização de testes ligamentares dinâmicos específicos, é fundamental para o seguimento do paciente e a definição da conduta terapêutica.
Mesmo nos casos crônicos, há uma variedade de técnicas cirúrgicas de reconstrução, cuja escolha geralmente depende da experiência e preferência do cirurgião.
Este artigo clássico descreve, por meio de dissecção em cadáveres, uma técnica cirúrgica minimamente invasiva para reconstrução ligamentar crônica do tornozelo, realizada quase integralmente por via artroscópica. A tendência atual é utilizar a artroscopia para o tratamento dessas lesões crônicas, embora existam diversas variações dentro dessa abordagem.
Ainda que essa técnica seja promissora, é importante ressaltar que, em alguns casos, ela pode ser insuficiente para o tratamento completo da patologia.
Neste estudo, os autores detalham a distância entre os portais artroscópicos e os pontos de reconstrução, estabelecendo uma “zona segura” (“safe zone”) com estimativas de distâncias adequadas em relação ao nervo fibular, nervo sural, tendões fibulares e extensores, além de indicarem a via acessória necessária para a execução correta do procedimento. Essa descrição minuciosa da técnica e de sua aplicação segura contribui significativamente para a obtenção de melhores resultados clínicos e para a redução do risco de complicações cirúrgicas.