Nelson Pelozo

tratamentos

Lesões da cartilagem / osteocondrais do tornozelo

As lesões de cartilagem ou osteocondrais no tornozelo podem se manifestar de diversas formas, variando de assintomáticas até causarem instabilidade e evoluírem para processos degenerativos. As causas dessas lesões são variadas e, dependendo da etiologia, podem alterar a localização, o tamanho, o prognóstico e, consequentemente, o tratamento proposto. Entre as causas, incluem-se traumas no tornozelo, fraturas com maior energia envolvida, isquemia, deformidades no pé e tornozelo, além de características individuais do paciente, como metabolismo, disfunção hormonal e o uso prolongado de medicamentos, como os corticóides.

O tratamento deve ser sempre individualizado, considerando o fator causal, que deve ser corrigido junto com a lesão condral, como no caso da instabilidade do tornozelo. Inicialmente, o tratamento convencional, associado a infiltrações articulares, pode ser eficaz para a cicatrização da lesão. Atualmente, contamos com várias opções para infiltração, como ácido hialurônico, associado ou não a ortobiológicos — fatores biológicos do próprio paciente que podem ser obtidos do sangue (PRP), aspirado da medula óssea (BMA/BMAC) ou células adiposas, principalmente da região abdominal (SVF). As opções cirúrgicas vão depender do tamanho da lesão condral e das lesões associadas.

Comentários do artigo

Embora o artigo não seja recente, ele já demonstra, há bastante tempo, como os fatores biológicos ou ortobiológicos, colhidos do próprio paciente, podem ser aplicados em lesões específicas, com resultados adequados, especialmente em lesões osteocondrais, seja em qualquer articulação. O uso de ortobiológicos tem se mostrado uma boa alternativa antes da realização de procedimentos cirúrgicos, que nem sempre oferecem os resultados esperados.

Neste estudo, comparou-se o uso de aplicações interarticulares no tornozelo de PRP (plasma rico em plaquetas) com ácido hialurônico. O PRP basicamente consiste em fatores de crescimento biológicos ou proteínas bioativas do próprio paciente que, quando ativadas, promovem cicatrização e regeneração tecidual. Foram realizadas três aplicações intra-articulares semanais no caso do ácido hialurônico, e aplicações intervaladas a cada duas semanas no caso do PRP. Os autores destacam a importância dos fatores de crescimento liberados pelo PRP na articulação, como PDGF, TGF Beta 1 e IGF I, que inibem a ação de enzimas líticas da cartilagem e promovem ação anti-inflamatória, estimulando a produção endógena de ácido hialurônico. O ácido hialurônico também possui propriedades benéficas para a articulação, melhorando a qualidade biológica do líquido articular e sua viscosidade, o que aprimora o deslizamento articular e a nutrição da cartilagem.

O artigo conclui que ambos os tratamentos resultam em bons resultados, podendo ser uma alternativa à cirurgia, com melhores resultados observados no uso de PRP. Estudos mais recentes indicam que a associação de ambos os tratamentos, aplicados de forma articular, oferece um resultado ainda melhor, com o ácido hialurônico funcionando como um “scaffold” para o PRP.